ARTIGOS DIVERSOS
ARTIGOS DIVERSOS SOBRE DEPENDÊNCIA QUÍMICA
COMO IDENTIFICAR SE A PESSOA É OU NÃO DEPENDENTE QUÍMICA
CID é a abreviação das palavras Classificação Internacional de Doenças foi criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1893. A CID – 10 é o critério diagnóstico adotado no Brasil pelo Sistema Único de Saúde (SUS), e tem por objetivo listar e classificar os transtornos mentais. Para os profissionais que atuam na área da saúde e mais especificamente na saúde mental o uso da CID -10 é de suma importância. Pois possibilita e facilita a comunicação por meio de uma linguagem comum entre os médicos, psiquiatras, psicólogos e terapeutas.
A CID – 10 constitui-se na principal ferramenta para aumentar a precisão diagnóstica e definir o tratamento mais adequado para cada caso da dependência química e suas variantes e estão classificadas do F19.0 ao F19.9.
CRITÉRIOS DA CID-10 PARA DEPENDÊNCIA DE SUBSTÂNCIAS
O diagnóstico de dependência deve ser feito se três ou mais dos seguintes critérios são experienciados ou manifestados durante os últimos 12 meses:
1. Um desejo forte ou senso de compulsão para consumir a substância.
2. Dificuldades em controlar o comportamento de consumir a substância em termos de início, término ou níveis de consumo.
3. Estado de abstinência fisiológica, quando o uso da substância cessou ou foi reduzido, como evidenciado por: síndrome de abstinência característica para a substância, ou o uso da mesma substância (ou de uma intimamente relacionada) com a intenção de aliviar ou evitar os sintomas de abstinência.
4. Evidência de tolerância, de tal forma que doses crescentes da substância psicoativa são requeridas para alcançar efeitos originalmente produzidos por doses mais baixas
5. Abandono progressivo de prazeres alternativos em favor do uso da substância psicoativa: aumento da quantidade de tempo necessário para obter ou tomar a substância ou recuperar-se de seus efeitos
6. Persistência no uso da substância, a despeito de evidência clara de consequências manifestamente nocivas, tais como dano ao fígado por consumo excessivo de bebidas alcoólicas, estados de humor depressivos consequentes a períodos de consumo excessivo.
Obs. Esse artigo de forma alguma substitui a consulta ou orientação com um profissional capacitado.
Por que meu filho está usando drogas?
Segundo diversas pesquisas ao longo dos anos, classificamos alguns indicativos mais comuns que leva um indivíduo a usar drogas.
1. Histórico familiar de abuso de substâncias: a genética é responsável por aproximadamente 60% do risco de dependência de uma pessoa.
2. Ambiente: Quanto mais álcool e drogas forem aceitos e “normais” dentro da família, da vizinhança e da cultura, maior a probabilidade de alguém usá-los.
3. Pressão dos colegas: as pessoas tendem a modelar seus comportamentos de acordo com os de seus amigos. Somos a soma das pessoas com quem mais nos relacionamos.
4. Aceitação: O Ser humano tem necessidades básicas segundo a psicologia. Podemos listar 3 mais comuns: se sentir amado – ser ouvido e se sentir aceito, de pertencer a um grupo.
5. Trauma: Experiências negativas que são emocionais ou fisicamente dolorosas. 70% das pessoas em reabilitação tinham histórico de trauma.
6. Distúrbio mental: pessoas que lutam contra ansiedade, depressão, transtorno bipolar, distúrbios alimentares e outros distúrbios emocionais correm um risco muito maior de uso problemático de substâncias.
7. Eventos adversos na Infância: como abuso infantil, violência doméstica, desastres naturais, intimidação, divórcio dos pais, morte na família etc. antes da idade adulta. As pesquisas apontam que cada um desses incidentes QUADRUPLICA o risco de uso de substâncias.
8. Dor crônica: em comparação com alguém sem dor, uma pessoa com dor crônica tem 41% mais chances de se tornar viciada em analgésicos opioides.
9. Trauma sexual: 80% dos sobreviventes de abuso sexual recorrem ao álcool ou às drogas.
10. Estresse: pesquisadores acreditam que o vício como um distúrbio é “sensível ao estresse” ou “relacionado ao estresse”.
11. Curiosidade: Muitos jovens ingressam no caminho das drogas por verem e ouvirem falar sobre os efeitos que elas causam e então por curiosidade decidem experimentar.
12. Rejeição dos pais. Muitos jovens por se sentirem órfãos de pais vivos, e abandonados e rejeitados por eles, abrigam um sentimento de orfandade e revolta, e acabam fugando para as drogas como meio de alivio dessa dor a qual não sabe como lidar com ela.
O que é o Carrossel da Dependência Química?
No Carrossel da Dependência Química temos: no centro, o dependente químico agindo e ao redor os codependentes estão reagindo, todos estão vivendo em função do dependente.
O dependente se droga, perde o controle e os outros reagem a sua drogadição e as suas consequências, o dependente responde as essas reações e se droga novamente, estabelecendo o carrossel da dependência química.
Quem é o codependente? é o familiar, o colega de trabalho, o chefe, o amigo, é o vizinho, e todos procuram remover as consequências dolorosas do abuso de drogas do dependente, para e pelo dependente, com a intenção de minimizar ou de esconder o ocorrido, facilitando a vida do dependente químico.
O codependente é todo aquele que está ligado emocionalmente e oferece seus sentimentos e sua vida para proteger “seu” dependente, visando impedir que comportamentos antissociais se tornem transparentes, é um codependente.
E o codependente que age assim, escondendo os fatos que se constituem numa vergonha para todos por total desinformação, imagina que está ajudando na realidade, com esse comportamento está ajudando a que possíveis pedidos de tratamentos e/ou internação sejam adiados.
Os codependentes precisam ter coragem de colocar limites, fazendo parar de girar o Carrossel e de desligar-se emocionalmente do dependente, e sentindo seus próprios sentimentos e vivendo suas próprias vidas. Como os co-dependentes conseguirão entrar em recuperação? Informando-se, fazendo psicoterapia, e sobretudo frequentando as salas dos grupos de mútua ajuda, exemplo: o AL-ANON, NAR-ANON, AMOR EXIGENTE.
Progressão da dependência química
Existem muitos fatores que podem contribuir para a dependência química, incluindo influências genéticas e ambientais, status socioeconômico, padrões de comportamento pessoal etc.
A dependência química não se forma espontaneamente da noite para o dia. Em vez disso, é o resultado de um longo processo de abuso repetido de substâncias que gradualmente muda a forma como um indivíduo vê uma droga e como seu corpo reage a ela. Este processo é linear e tem a mesma progressão para cada pessoa, embora a duração de cada etapa dessa progressão possa diferir muito dependendo do indivíduo, dosagem e tipo de droga a ser usada.
Como esse processo segue um padrão, é possível dividi-lo em estágios de dependência, começando com o primeiro uso de uma pessoa e levando até a própria dependência. Embora haja algum debate sobre quantos estágios existem para a dependência química, classificamos 5 dos mais populares para mapear o processo.
1º- EXPERIMENTAL
É quando a pessoa experimenta pela primeira vez a droga.
2º - OCASIONAL
É quando passa a consumir a droga de vez em quando e em pequenas quantidades. Uso “recreativo”, circunstancial.
3º - ABUSIVO
Ainda usa ocasionalmente, circunstancialmente. A diferença está na quantidade. Começa a perder o controle, a administração do uso aumenta rapidamente.
4º - FUNCIONAL
Para “funcionar” melhor, precisa estar sobre o efeito de álcool ou outras drogas. Sem drogas a vida fica vazia, sem sentido. Começa a sofrer significativas perdas nas suas relações pessoais, familiares, conjugais, profissionais, etc.
5º - DISFUNCIONAL
Tudo o que faz é em função de se drogar, vive permanentemente drogado. Não mede nenhuma consequência para conseguir drogas. Perda total de valores. Tudo o que importa é estar permanentemente drogado.
Como ajudar um filho que está usando drogas.
A seguir uma relação de alternativas providências que pode lhe ajudar:
1. Mantenha a calma. Lamentações, recriminações ou agressividades e
violência não ajudarão em nada;
2. Procure ter certeza de que o fato está realmente acontecendo, através de uma
observação cuidadosa nas suas mudanças de comportamento e rotina
3. Tenha uma conversa franca, sincera e aberta com seu filho. Procure colocá-lo à vontade a fim de descobrir toda a verdade;
4. Verifique bem, nessa conversa, com firmeza, mas também com brandura, há quanto
tempo e quais as drogas que ele está usando e, se possível, a frequência e a
intensidade do uso.
5. Procure descobrir as razões e os motivos que levaram o seu filho ao uso de drogas.
Muitas vezes, as raízes do uso de drogas repousam em problemas da própria família
que, de comum acordo, você pode resolver ou minimizar;
6. Não estigmatizar o seu filho, chamando-o, por exemplo, de “maconheiro” ou
“marginal”, nem faça ameaça de expulsá-lo de casa, de interná-lo em hospitais
psiquiátricos ou de denunciá-lo aos seus companheiros;
7. Nunca fique recriminando ou procurando culpados pelo fato. Perguntas do tipo “onde é que falhamos?” não ajudam em nada. Lembre-se de que qualquer um,
independentemente de sua posição social, econômica ou cultural acabam esbarrando com as drogas;
8. Converse com um conselheiro ou terapeuta em dependência química, de confiança. Peça-lhe ajuda e orientação de como intervir para ajudar seu filho
9. Lembre-se de que as melhores armas que temos para combater o abuso das drogas
são: amor, carinho, compreensão, diálogo, Deus e muita oração.
10. Depois de tudo isso, procure dar ao seu filho todo o apoio necessário. Não basta, no
entanto, fornecer-lhe assistência de um conselheiro, terapeuta, psicólogo ou psiquiatra, mas é necessário envolver também toda a família no processo terapêutico. Essa é a hora de mostrar a seu filho que os melhores amigos estão dentro de sua própria casa.
Se precisar de ajuda, estaremos a disposição para juntos encontrarmos uma melhor interversão para ajuda seu querido filho.
Ciclo de frustração e uso de substâncias psicoativas no dependente químico
As diversas pesquisas feitas sobre dependência química demonstraram claramente que o cérebro viciado é química e fisiologicamente diferente de um cérebro normal por conta do uso abusivo das substâncias psicoativas.
A ideia de que o vício é um também distúrbio neurológico é fundamental para a compreensão de seu desenvolvimento e do processo de recuperação.
Eventualmente, a partir de turbulências e conflitos internos ou por meio de intervenções externas, uma pessoa pode tentar interromper o ciclo do vício e entrar em um estilo de vida mais saudável chamado recuperação.
No entanto, a grande maioria dos dependentes químicos requer ajuda externa de conselheiros, terapeutas, médicos e clínicas de reabilitação de drogas e álcool.
A química cerebral alterada requer essencialmente exposição constante e repetitiva à substância ou ação para funcionar psicológica e fisiologicamente.
Essa dependência química leva à tolerância e aos sintomas de abstinência, duas das marcas do vício do abuso de substâncias.
O vício altera a química do cérebro, afetando o processo de pensamento e de tomada de decisão. Pode levar meses, anos antes que esse processo conduza ao caminho da recuperação.
Um dependente químico pode compreender o ciclo do vício, mas permanecerá incapaz de interromper a repetição do ciclo até que desenvolva o discernimento para buscar ajuda.
Para alguns, o ingresso em uma comunidade terapêutica, grupo de autoajuda ou simplesmente desenvolver um estilo de vida melhor é o primeiro passo rumo a recuperação.
Efeitos das drogas no cérebro
O cérebro humano é composto por cerca de 86 bilhões de células nervosas ou neurónios, que comunicam-se entre si através de mensageiros químicos chamados neurotransmissores. Um desequilíbrio causado pelas drogas pode levar a problemas no humor, na memória, na energia, perturbações no sono e a vícios.
Como o vício muda seu cérebro?
A dependência é caracterizada por uma compulsão de continuar usando uma droga, ou drogas, diante das consequências adversas que surgem como resultado de fazê-lo. O vício, antes considerado um problema de moralidade ou falta de força de vontade, agora é amplamente reconhecido pela Organização Mundial da Saúde, como uma doença crônica, progressiva e potencialmente fatal, multifatorial, complexa e recorrente, que envolve alterações no cérebro que podem ser duradouras.
Quais partes do cérebro são afetadas pelo uso de drogas?
O NIDA Instituto Nacional de Abuso de Drogas - discute 3 regiões principais do cérebro que são afetadas pelo uso e abuso de substâncias:
1- Os gânglios da base (que constituem uma parte fundamental do circuito de recompensa e estão envolvidos na formação de hábitos e rotinas).
2- A amígdala estendida (que desempenha um papel na dependência e nos sentimentos de estresse e ansiedade durante a abstinência).
3- O córtex pré-frontal (essencial para funções cognitivas superiores, como tomada de decisões e controle de impulsos).
Drogas e o sistema de recompensa do cérebro
O sistema límbico conecta várias estruturas cerebrais que controlam e regulam nossa capacidade de sentir prazer. Sentir prazer nos motiva a repetir comportamentos que são essenciais para nossa existência. O sistema límbico é ativado por atividades saudáveis que sustentam a vida, como comer e se socializar, mas também é ativado por drogas de abuso, razão pela qual elas podem sequestrar este circuito e levar a um ciclo compulsivo de uso de drogas, essa superdosagem de dopamina e serotonina enganam o cérebro com uma grande euforia, bem estar e prazer. Por não durar muito tempo leva o usuário a repetir as doses cada vez mais altas em busca desse prazer que nunca mais ele terá como da primeira vez, levando-o então a dependência química. Fonte: National Institute on Drug Abuse (NIDA/NIH)
A pessoa dependente química sob o efeito da droga, perde o controle de usas ações e a capacidade de lidar com problemas, perde a capacidade de decisão e a capacidade de organização. Além disso, o sistema límbico é responsável por nossa percepção de outras emoções, tanto positivas quanto negativas, o que explica as propriedades de alteração do humor de muitas drogas.
Síndrome de abstinência – Quais os principais sintomas?
Síndrome é a palavra usada para definir um conjunto de sinais ou sintomas característicos de fenômenos fisiopatológicos, que ocorrem em determinado estado mórbido, servindo para caracterizar uma doença.
Quando o dependente químico interrompe o uso de SPAs, ou diminui de forma abrupta o seu padrão de consumo, pode experimentar uma série de sintomas, característicos para cada tipo de droga, em geral opostos aos efeitos agudos, e que podem ser amenizados pelo seu uso. Esse conjunto de sintomas é conhecido como síndrome de abstinência, que é o sofrimento experimentado pelo dependente quando afastado da droga. O termo síndrome de abstinência não deve ser confundido com abstinência, que é a privação do uso de SPAs por vontade própria, por princípio ou por outras razões.
Os sintomas podem variar, dependendo da droga que está sendo descontinuada. Entretanto, podemos citar os principais sintomas que costumam aparecer em uma grande parcela de casos:
• Ansiedade;
• Fadiga;
• Sudorese;
• Convulsões;
• Alucinações;
• Vômitos;
• Depressão;
• Irritabilidade; e
• Agressividade.
Em resumo, vale ainda destacarmos que os sintomas também podem variar de indivíduo para indivíduo, em todos os casos. E é por isso o tratamento de síndrome de abstinência é tão importante para garantir a recuperação sadia do indivíduo. De maneira singular e personalizada.
A História da Fé em Recuperação
A interseção entre a fé cristã e o tratamento do abuso de substâncias remonta a um longo caminho. Carl Jung, o famoso psiquiatra suíço que fundou o campo da psiquiatria analítica, elaborou as ideias de extroversão e introversão, psique e autoconceitos que se tornaram padrões na psicologia hoje. Além de seu trabalho em psiquiatria, Jung também estudou as religiões do mundo, desenvolvendo a ideia de que a vida de uma pessoa dependia do bem-estar espiritual.
Jung imprimiu essa perspectiva a um paciente alcoólatra, dizendo ao homem que a única maneira segura de vencer a doença (já que todas as outras abordagens falharam) era encontrar uma experiência espiritual. Essa conversa acabou chegando aos ouvidos de Bill Wilson, o homem que combinaria seu desejo desesperado de parar de beber com sua recém-descoberta da fé cristã para desenvolver Alcoólicos Anônimos. De fato, Jung escreveu diretamente a Wilson para explicar que a espiritualidade era o que era necessário para ele superar o alcoolismo.
Convencido da eficácia do uso da perspectiva cristã para ajudar os alcoólicos a controlar seus impulsos, Bill Wilson infundiu em cada nível de Alcoólicos Anônimos o simbolismo apropriado. Mesmo os icônicos 12 Passos de AA derivaram seu número dos 12 Apóstolos de Jesus Cristo. Metade dos 12 Passos menciona Deus. Fonte: https://sdtreatmentcenter.com/drug-treatment/faith-and-recovery/
“O vício dele por álcool era o equivalente, em um nível inferior, à sede espiritual do nosso ser por plenitude. Dr. CARL G. JUNG
“Veja, álcool em Latin é spiritus, e você usa a mesma palavra tanto para a experiência religiosa mais elevada como para o veneno mais depravado. A fórmula curativa portanto é: spiritus contra spiritum. CARL G. JUNG, em “Letters Vol. II” (pgs 623-624) Trecho da resposta do Dr. CARL G. JUNG a carta de Bill Wilson. 26 de Janeiro de 1961.
Os Programas de Recuperação de Dependências de SPAs Baseados na Fé Funcionam?
A resposta curta a esta pergunta é: Sim, os programas de recuperação de vícios baseados na fé funcionam e com grande sucesso.
De acordo com um novo estudo conduzido pelo Dr. Brian Grim, da Baylor University, 84% das pesquisas mostram que a fé diminui o risco de transtornos por uso de substâncias nos Estados Unidos.
Recentemente, descobri que mais de 400 estudos foram conduzidos sobre o papel da fé na recuperação do vício e esses estudos encontraram uma taxa de sucesso de 40% a 60% na maioria dos programas baseados na fé . Isso é significativamente maior do que a taxa de sucesso de programas que não incorporam fé ou espiritualidade em seus programas.
A fé e a espiritualidade representam a espinha dorsal da vida de muitas pessoas e podem ser um poderoso catalisador de mudança, especialmente para aqueles que lutam contra o vício em álcool e drogas.
O princípio da fé é um princípio espiritual essencial de Alcoólicos Anônimos (AA). Narcóticos Anônimos (NA) que trabalham os 12 passos. É a fé é o terceiro princípio espiritual, juntamente com os dois primeiros princípios de honestidade e esperança. Ele é a base da recuperação funcional do vício.
Os três primeiros princípios trabalham juntos e nos ajudam em nossa jornada rumo à sobriedade. A vida em um programa espiritual é uma experiência milagrosa. Quanto mais tempo o adicto passa seguindo as orientações e confiando em Deus, mais ele experimenta um nível mais alto de fé e de recuperação.
Em recuperação, começamos a ver a vida pelas lentes da fé. Agora temos uma perspectiva mais ampla, esperançosa para lutar pela recuperação. Construir um relacionamento com Deus nos permite desacelerar, se reconectar com o criador e com a vida, nos ensina a ter mais boa vontade, desejo de mudança e não somente uma mente mais aberta, mais uma vida de fé.
Tudo bem, não ter todas as respostas. Aprendemos a renunciar a expectativas e resultados além do nosso controle.
Podemos ter fé! Porque Deus está no controle da minha vida
Uma Resposta Bíblica à Dependência
O escritor Edward T. Welch, chama o vício de distúrbio de adoração, apontando a idolatria como um tema central em nossos consumos excessivos. Ele escreve:
Além disso, o problema não está fora de nós localizado em uma loja de bebidas ou na Internet; o problema está dentro de nós. Álcool e drogas são essencialmente satisfações de ídolos mais profundos. O problema não é a substância idólatra; é a falsa adoração do coração (p. 49). Livro Vícios: Um Banquete No Túmulo - Edward T. Welch
Grande parte dos Programas para tratamento da dependência química dizem: Como você tem uma doença (distúrbio, desequilíbrio cerebral, traumas de infância, pré-disposição genética etc.) Sua doença tem apenas tratamento e controle e é incurável.
Acreditamos que a dependência química é uma doença, classificada pela OMS como progressiva, potencialmente fatal e crônica, (incurável). E que precisa de cuidados e atenção especiais, acompanhamento de uma equipe multidisciplinar e isso respeitaremos plenamente. Porém como cristãos cremos que o Poder de Deus pode não somente recuperar mais trazer cura para homem em todas as áreas de sua vida, Biológica, psíquica e social.
Entendemos que o indivíduo recuperado precisará para o resto de sua vida, fazer continua manutenção e administrar de forma equilibrada sua recuperação por meio de um caminhar com Deus e da abstinência: evitar pessoas lugares e hábitos, que são contatos com o objeto de seu vício é muito importante, porém além disso o recuperado deve usar todas as ferramentas e disciplinas espirituais adquiridas para manter sua recuperação: Conectar-se a uma comunidade de fé, leitura da Palavra, oração, Jejum e uma vida devocional.
A pessoa que passa por um processo de recuperação sempre estará inclinada a abusar do álcool ou drogas, sempre será tentada a voltar aos velhos hábitos etc.) Porém precisamos entender que a dependência química não é apenas uma doença, existe o fator que muitos descartam, que é o mundo espiritual, que vai além da compreensão humana. Química se trata com química, comportamento e hábitos, com terapia, mais espiritual somente pode se tratar com o espiritual.
A marginalização do dependente químico.
Dependentes químicos. São Vagabundos? São Malandros? São marginais? Ou são pessoas que adoeceram e precisam de tratamento?
A falta de informação sempre será o principal fator para o preconceito.
O dependente químico é um indivíduo que apresenta dependência física e psíquica gerada pelo consumo abusivo de substâncias psicoativas.
O dependente químico não deve ser julgado pela ótica da moralidade ou visto como alguém com um "defeito" de personalidade. Por conta da droga ele compromete todos os aspectos de sua vida como físico, mental, emocional e social. As causas da dependência química são múltiplas e complexas e podem incluir fatores biológicos, genéticos, psicossociais, ambientais e culturais.
Por trás de um dependente químico, existe um ser humano, uma pessoa, que tem um nome, uma história e como todo cidadão ele também tem direito de ser tratado com dignidade e não automaticamente ser marginalizado por conta de sua adição e de sua doença, que segundo a (OMS) é progressiva, potencialmente fatal e incurável, porém que pode ser tratada e controlada. Doença essa também classificada pela CID 10 - Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde no código - F19.2 – como Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de múltiplas drogas e ao uso de outras substâncias psicoativas - Síndrome de Dependência. Também foi classificada como doença pelo DSM-V - Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - como (TUS) transtorno por uso de substância.
Quando um dependente químico é excluído em seu ciclo de amizade, demitido de seu trabalho e distanciado pela família, torna-se ainda mais difíceis as suas chances de aceitar ajuda e de recuperação.
A dependência química é um problema de todos nós
Pois afeta o indivíduo a família e a sociedade e vai além de questões de moralidade e falta de força de vontade é uma doença e um problema de saúde e segurança pública.
6 diferentes níveis de dependência química.
O psicólogo francês, Françoise-Xavier Colle (apud Guimarães, 2009) define seis diferentes níveis de dependência vivenciados pelo dependente químico em nível sistêmico.
Nível de dependência
1- Dependência dos efeitos – Características - O consumo de várias SPA resulta em uma diversidade de padrões de consumo.
2- Dependência das relações afetivas – Características - Em torno do dependente químico há, pelo menos, uma pessoa codependente.
3- Dependência do fornecedor – Características - Diz respeito às pessoas que envolvidas no processo de distribuição da SPA, como traficantes, médicos, farmacêuticos etc.
4- Dependência do provedor – Características - Pessoas que facilitam ou possibilitam o dependente químico a adquirir a SPA.
5- Dependência dos pares de consumo – Características - Pessoas que compartem informações, o acesso às SPA, aqueles que pertencem à “cultura da droga”.
6- Dependência de crenças – Características - Envolve a dimensão do significado da droga em sua vida, diz respeito à crença sobre a eficácia do uso de SPA em momentos críticos.
RECUPERAÇÃO DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA
RECUPERAÇÃO é todo processo que incorpora não só intervenções psicossociais a longo prazo, mas também o mapeamento, articulação e uso de todas as redes de apoio disponíveis, visando a melhora da qualidade de vida através da reinserção e reabilitação social em suas formas mais amplas.
O processo de recuperação é um árduo caminho, que o dependente químico não segue sozinho. A dependência de drogas se instala no indivíduo como um sintoma, ou seja, parar de usar é apenas o início de um processo de recuperação. A dependência conota a ausência de escolha, ou seja, um dependente não pode parar de usar drogas sozinho, por definição de dependência. Caso a possibilidade de parar sozinho exista, então não existe dependência neste contexto.
As cinco fases do processo de recuperação de dependentes químicos são:
1. pré-contemplação, - contemplação,
2. preparação,
3. ação
4. e manutenção.
O dependente químico encontra-se em alguma destas fases, e os nomes das fases dizem respeito à posição do dependente químico diante da recuperação.
1. Pré-contemplação, nesta fase o dependente químico não vê problemas no seu uso, e não pensa em parar valorizando a droga.
2. Contemplação – Neste estágio o dependente químico “pensa em parar um dia” ele reconhece que a droga faz mal e pondera seus malefícios.
3. Preparação – Nesta fase, a motivação e o comprometimento do dependente químico com a recuperação precisam ser reforçadas. Ele perceberá que as mudanças de um processo de recuperação vão além de parar de usar.
4. Ação - No estágio da ação o terapeuta apenas auxilia, a desenvolver as habilidades para que o dependente cumpra seu plano terapêutico rumo a mudança e abstinência.
5. Manutenção - A recuperação do dependente químico se consolida no quinto estágio do tratamento; a manutenção da abstinência. Para conseguir manter a abstinência necessita de diversas capacidades que devem ser desenvolvidas no tratamento. Com essas ferramentas, a recuperação ocorrerá progressivamente. E a cada instante, ele mesmo será capaz de reconhecer suas deficiências e lidará melhor com elas, sem o uso de substâncias. (FIGLIE, LARANJEIRAS e BORDIN, 2004)
Máscaras e Papéis
→ O Coitado: A marca registrada do coitado é a auto-piedade, manipula através do sentimento de dó (compaixão) do outro. O objetivo na verdade é esconder a sua grandiosidade.
→ O Ajudante: Sempre disposto e prestativo, usa falsa vontade para obter e conquistar simpatia temporária, e assim atingir seu objetivo final. Por traz de seu comportamento geralmente existe um pedido ou exigência. Pede aprovação, mas não tem aceitação.
→ O Líder: Extremamente capaz, inteligente, sagaz, busca sempre estar presente em situações onde “compra a briga” dos outros. Na verdade, faz isso para angariar “discípulos”, pessoas que mais tarde possam lhe servir de alguma coisa. Pode também esconder na verdade, medo profundo de ficar sozinho.
→ O Bonzinho: Demonstra ter valores morais elevados, ser caridoso e preocupado com as pessoas. O objetivo é obter vantagens pessoais através de manipulações.
→ O Palhaço: Aparenta bom humor, entretém as pessoas com suas brincadeiras, piadas, etc.. O objetivo é esconder o caos de sua vida, evitando assim entrar em contato com suas perdas, além de buscar aprovação do grupo, família, etc..
→ O Sedutor: Gentil, educado, altivo, sempre em postura de superioridade, envolvente. O objetivo é facilitar suas intenções através do assédio.
→ Para conseguir identificar e se despir destas máscaras é necessário um profundo autoconhecimento e ajuda dos outros.
Seja a melhor versão de si mesmo.
“É necessário derrubar todas as minhas máscaras para ser eu mesmo”
Jogo dos Papéis e Máscaras
A estrutura da personalidade humana foi dividida por Freud em 3 subsistemas:
ID – Instintos Básicos, responsáveis pela subsistência e satisfação das necessidades primarias de cada pessoa (sede, fome, reações ao medo, perigo e desconforto)
SUPEREGO – Valores adquiridos, seja pela educação familiar, escola, televisão ou pelas próprias experiências. (é preciso ser forte, não leve desaforos para casa, mãe nunca abandona seu filho, drogas aliviam a dor, etc.)
EGO – É a somatória e equilíbrio entre o ID e o SUPEREGO. Determina a forma como conduzimos nossas relações com os outros e nós mesmos. (o que somos e a forma que agimos dentro de casa, na rua ou no trabalho)
1. No dependente químico, imaturo e frágil, prevalece a satisfação das suas vontades. Prevalece o ID.
2. Por ser a doença da negação, perde o contato com sua realidade (dor demais para suportar) e para sobreviver cria fantasias a respeito de si e do mundo à sua volta. (paro quando quiser, uso drogas por causa dos meus pais, a situação política do país me impede de arrumar trabalho... etc.). Seus principais mecanismos de defesa são a própria negação, racionalização, projeção, minimização, intelectualização e hostilidade.
3. Não consegue alcançar seus objetivos, pois mesmo que perceba que há algo errado não sabe bem o que é, e assim não sabe como ou o que fazer para mudar. Por estar isolado em suas fantasias, nega ajuda externa acreditando que queiram seu mal ao invés de ajudá-lo, ou julgando ser auto-suficiente para resolver seus problemas.
4. Apesar de ter grande habilidade em criar personagens, o dependente químico não consegue mantê-los por muito tempo, e sempre deixa mostrar quem realmente é. Por isso passa pela vida sempre mudando de amizades e grupos sociais, pois assim que vêem como são as pessoas se afastam. Namoradas, amigos, esposas, a vida do dependente químico é repleta de estórias conjugais, matrimoniais e de amizades que não deram certo ou sucumbiram.
5. Já em recuperação, as máscaras do dependente químico continuam. Seja ele “o bonzinho”, “o humilde”, “o tímido”, “o sedutor”, “o irritado”, etc. sempre o motivo é, defender ou esconder seu estilo de vida e seus defeitos. Fala de suas aventuras de ativa ou amorosas com orgulho, sem reconhecer que está na pior das situações. Monopoliza os grupos ou tentar angariar adeptos para as suas insanidades, também são formas de máscaras.
6. O perigo do uso contínuo de máscaras é que na negação da sua realidade e sentimentos, (dor, culpa, vergonha, medo, raiva, tristeza) acaba perdendo a habilidade e a disposição de lidar com estes sentimentos, causando endurecimento (a pessoa se torna insensível, endurecida).
7. Com o passar do tempo, aumenta a sensação de incompetência, pavor e pânico o que traz o uso de mais máscaras. Ver outros adictos se recuperando e ficar para traz gera um sentimento de angústia que só pode ser preenchido com drogas/álcool ou recuperação.
SUICÍDIO
Você sabia que cerca de 1 milhão de pessoas morrem por suicídio anualmente no mundo. Acada 3 segundos alguém atenta contra sua própria vida. A Cada 40 segundos alguém no mundo tira sua própria vida. O suicídio está entre as 10 principais causas de mortalidade do mundo.
No Brasil, cerca de 12 mil suicídios são registrados ao ano. O Brasil está no oitavo lugar no ranking mundial de mortes por suicídio
Cerca de 90% das tentativas de suicídio estão relacionadas a transtornos psiquiátricos, como: transtornos psicóticos (por exemplo: esquizofrenia), depressão, transtorno bipolar e transtornos relacionados ao uso de substâncias psicoativas (dependência química).
As pessoas que abusam de álcool e outras substâncias tentam suicídio 6 vezes mais do que a população em geral.
O índice de suicídio entre os adictos é de 2 a 3 vezes maior do que entre os não adictos.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o suicídio é a segunda principal causa de morte entre jovens com idade entre 15 e 29 anos. Em média dois adolescentes tiram a vida por dia. Para cada suicídio de adolescentes estima-se que 25 são tentativas. As tentativas de suicídio é a principal causa de atendimento psiquiátricos entre adolescentes.
Segundo especialistas, diversos fatores como bullying e cyberbullying, abusos físico, emocional e/ou sexual, negligência, depressão, ansiedade, distúrbios alimentares e falta de apoio social podem contribuir para o aumento dos índices de suicídio.
Os dependentes químicos que iniciam tratamento merecem atenção especial, pois, em geral, estão se sentindo muito tristes e arrependidos, sofrendo as consequências da própria dependência, como o término de relacionamentos, demissão do emprego, problemas financeiros e de saúde, o que leva a culpa e a baixa autoestima.
O uso de substâncias psicoativas causa alterações cerebrais, que podem ser irreversíveis, desencadear psicopatologias e tentativa de suicídio na idade adulta jovem.
Em pessoas que fazem uso abusivo de álcool, maconha e cocaína, o risco de suicídio, ao longo da vida, é quase seis vezes maior do que o observado na população geral. O uso abusivo de álcool ou outras drogas aumenta a impulsividade e eleva o grau de letalidade das tentativas de suicídio. Pelo menos 20% das pessoas que tentaram suicídio fizeram uso de álcool nas seis horas que antecederam a tentativa e 10% da amostra têm dependência de substâncias. (DIEHL; LARANJEIRA, 2019; WIENER et al., 2018; DIAS; SILVA, 2019; ROGLIO; KESSLER, 2019).
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